O que é a cirurgia robótica?
A cirurgia robótica é uma operação assistida por robôs. É uma técnica minimamente invasiva, em que todas as manobras são conduzidas pelo cirurgião e executadas por meio do robô, com controle de movimentos feito por joysticks.
Mesmo entre as plataformas de diversos fabricantes, o ponto em comum é o carro que vai junto ao paciente onde se acoplam a câmera e os braços robóticos, que permitem operar através de incisões cada vez menores. O console do cirurgião onde o profissional controla os braços, câmera e todos os instrumentos com uma visão HD 3D, e todos os seus movimentos, são filtrados para evitar tremores. Atualmente, é a técnica mais moderna no que se refere a procedimentos minimamente invasivos.
Esse formato de cirurgia é indicado para algumas doenças que necessitam de tratamento cirúrgico, mas o profissional médico precisa ter a habilitação específica para poder realizá-la por via robótica. Estão incluídas as operações para o tratamento do câncer, como por exemplo, o câncer de ovário, de endométrio ou do colo do útero. Todas elas podem ser realizadas sem precisar de grandes incisões, como aconteceria na abordagem aberta.
Cirurgia robótica versus laparoscópica: diferenças
A cirurgia assistida por robôs não foi o primeiro procedimento minimamente invasivo que surgiu na Medicina. Tudo começou com as operações laparoscópicas, que exigem apenas pequenas incisões na barriga do paciente. Tanto é que a palavra vem do grego laparos, que significa abdômen. Nesta técnica, o cirurgião utiliza instrumentos com uma haste reta e uma câmera para fazer o procedimento. Assim, é possível mexer para cima ou para baixo, fazendo essa manipulação à beira do leito.
Na cirurgia robótica, é parecido. Tudo começa com as pequenas incisões. A diferença está na plataforma robótica, que mantém os instrumentos ao lado do leito, não o cirurgião. O profissional está sentado em um console, de onde comanda o robô que, por sua vez, transmite os movimentos às pinças.
Além disso, os instrumentos podem se mexer em todas as direções. Com isso, há mais liberdade para operar e uma precisão maior nos procedimentos mais complexos. Outra característica é a visualização tridimensional (3D) da câmera, que oferece uma visão e percepção de espaço melhores ao médico.
Ainda é importante observar que o cirurgião controla todos os movimentos do console. Portanto, o robô nunca age sozinho, independentemente da inteligência artificial. A plataforma robótica é semelhante a um assistente estacionário. O cirurgião segura os instrumentos e a comunicação dos movimentos é feita por meio da tecnologia.
Quais os diferenciais da cirurgia robótica?
O processo de realização de uma cirurgia robótica é mais preciso devido a todos os equipamentos e instrumentos disponíveis. A câmera 3D garante uma visão com maior profundidade e definição. Ao mesmo tempo, o joystick (console) permite um controle exato dos movimentos a serem realizados.Por sua vez, os braços do robô trazem estabilidade às mãos do profissional. Com isso, possíveis tremores deixam de impactar o trabalho executado.
“A cirurgia robótica, do ponto de vista do paciente, permite um procedimento mais preciso, com melhor acesso e visualização das estruturas operadas, o que leva a menor risco de intercorrências no perioperatório (período de tempo desde a decisão da cirurgia até o retorno do paciente às atividades normais), sejam sangramentos, dores ou alterações de sensibilidade”, explica o Dr. Nam.
“Além disso, como procedimento minimamente invasivo, é realizada com incisões menores que proporcionam uma recuperação mais breve, mesmo em procedimentos maiores”, complementa o especialista. A seguir, especificamos mais a fundo as vantagens e os diferenciais dessa prática tecnológica.
Benefícios da cirurgia robótica para os pacientes
Os pacientes são os maiores beneficiados da cirurgia assistida por robôs. O procedimento minimamente invasivo diminui, por exemplo, a dor e o desconforto do pós-operatório. Confira as principais vantagens para quem se submete a esse tipo de operação:
Redução de complicações
A cirurgia robótica faz pequenas incisões, o que causa menos dor ao paciente. Além disso, pela precisão e qualidade do método, há menor risco de sangramentos e, como em muitos procedimentos minimamente invasivos, menor taxa de infecção. O trauma cirúrgico é atenuado e, com isso, o paciente se recupera de forma mais célere.
Vale lembrar que as incisões menores também reduzem a formação de aderências e tecidos cicatriciais. Isso é importante para a qualidade de vida dos pacientes, já que essas complicações geram dor e outros incômodos.
Diminuição do tempo de internação e recuperação
O paciente tem a oportunidade de um tempo de permanência baixo no hospital. A depender da complexidade do procedimento, pode receber alta no mesmo dia e retornar às atividades diárias mais rapidamente. Para se ter uma ideia, em alguns procedimentos a recuperação chega a ser 50% mais ágil em comparação à abordagem aberta.
Melhores resultados estéticos
As incisões menores favorecem esteticamente os pacientes no pós-operatório. Em vez de um corte extenso, a cicatriz pode ficar praticamente imperceptível.
Segurança
Os benefícios listados até aqui demonstram que o procedimento cirúrgico via robótica é bastante seguro, mas ainda há outros detalhes relevantes. Por exemplo: a plataforma utilizada contém componentes projetados para reduzir os riscos das operações realizadas, como a trava de segurança que evita movimentos caso o médico desvie o seu rosto da tela de controle.
Outra característica importante é que apenas cirurgiões certificados e com treinamento específico realizam as cirurgias robóticas. Assim, é preciso passar por várias etapas de capacitação, como por exemplo a realização de operações por meio de simulador e acompanhamento de proctors (profissionais mais experientes) durante dezenas de procedimentos.
Quais são os benefícios para a equipe médica?
Os benefícios também englobam os profissionais da saúde, de acordo com o Dr. Nam. “Para a equipe médica, a robótica proporciona melhor ergonomia ao cirurgião, já que ele opera sentado e com os braços apoiados, otimizando sua performance, principalmente em procedimentos longos e trabalhosos”, detalha o especialista, que complementa: “melhora a movimentação de instrumentais, já que o robô possui pinças articuladas (Endowrist) de movimentos mais amplos que o punho humano, o que facilita os tempos cirúrgicos como dissecção e suturas.”
Segundo o Dr. Nam, a estabilidade e nitidez das imagens também merecem destaque: “o cirurgião tem visão 3D de alta qualidade, com imagem estável e direcionamento da câmera controlado por ele, entregando melhor ambientação no sítio cirúrgico, identificação e interação com as estruturas. Por fim, o cirurgião no console trabalha com óptica e três braços de trabalho, o que muitas vezes elimina a necessidade de mais um cirurgião auxiliar em campo operatório.”
O aumento da precisão cirúrgica
A cirurgia robótica tem alta tecnologia e, por isso, é mais precisa do que os procedimentos convencionais e laparoscópicos. O cirurgião utiliza um monitor de alta definição, o que garante a visualização tridimensional do órgão a ser operado. Além disso, é possível ampliar em até 15 vezes.
Além disso, o robô possui quatro braços articulados, dois que funcionam como as mãos esquerda e direita do cirurgião e um terceiro que representa a mão do médico auxiliar. Todos eles têm pinças acopladas que realizam a manipulação do paciente. Também há movimentação em 360°, o que garante acesso a regiões angulosas e estreitas com alta precisão.
Quais áreas se beneficiam dessa tecnologia?
A cirurgia robótica é aplicável para o tratamento de diferentes tipos de doenças. Atualmente, porém, o maior volume de cirurgias robóticas está na área de Urologia, com o tratamento de câncer de próstata e dos rins, mas há um grande aumento em outros campos, como:
- Patologias ginecológicas como endometriose, câncer de endométrio e de ovário;
- Patologias do aparelho digestivo, como câncer colorretal e de estômago;
- Tratamento de obesidade através da cirurgia bariátrica;
- Doença do refluxo gastroesofágico;
- Tratamento de hérnias da parede abdominal;
- Patologias torácicas;
- Câncer de pulmão;
- Tumores do mediastino;
- Patologias da tireóide e da laringe.
Rumo à telecirurgia
As vantagens são aplicadas a qualquer área, e isso é tão relevante que a técnica está sendo ampliada, especialmente devido à internet. Com a implementação do 5G, a tendência é aumentar essas possibilidades. Muito porque as conexões ultrapassarão 1 GB com uma latência menor do que 10 milissegundos. Ou seja, o tempo de resposta da ação do cirurgião até o robô fazer o movimento será abaixo de 10 milissegundos, o que aumenta a segurança do paciente. Esse cenário traz várias possibilidades para a nanotecnologia, a inteligência artificial e o feedback háptico (relativo ao tato), que permite ao cirurgião sentir a textura e a resistência dos materiais, mesmo a distância. Ainda assim, é preciso haver uma capacitação dos profissionais e, por isso, é necessário contar com uma instituição hospitalar reconhecida e de qualidade.
Esse tipo de cirurgia demanda cuidados especiais?
De acordo com o Dr. Nam, a cirurgia robótica tem como principal demanda a capacitação da equipe assistencial. “Todo time envolvido na realização do procedimento, desde o cirurgião e o anestesista até o técnico de enfermagem em sala necessitam de treinamento específico com a plataforma robótica para garantir o sucesso e maior segurança do paciente. Em relação aos pacientes, Dr. Nam destaca: “os cuidados são os mesmos dos procedimentos minimamente invasivos”.
Há contraindicações à cirurgia robótica? Quais?
De acordo com o Dr. Nam, a contraindicação da cirurgia robótica é, principalmente, aos profissionais que não receberam o treinamento adequado. Além disso, também não há necessidade de uso desse formato para “cirurgias de baixa complexidade em que não há benefício no uso da plataforma”, detalha.
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